Poesia
Advertisement
Música do Parnaso (Prólogo ao leitor)
por Manuel Botelho de Oliveira


Estas Rimas, que em quatro línguas estão compostas, ofereço neste lugar, para que se en­tenda que pode uma só Musa cantar com diver­sas vozes. No princípio celebra-se uma dama com o nome de Anarda, estilo antigo de alguns poetas, porque melhor se exprimem os afetos amorosos com experiências próprias: porém, por que não parecesse fastidioso o objeto, se agre­garam outras rimas a vários assuntos: e assim como a natureza se preza da variedade para for­mosura das coisas criadas, assim também o en­tendimento a deseja, para tirar o tédio da lição dos livros. Com o título de Música do Parnasso se quer publicar ao Mundo: porque a Poesia não é mais que um canto poético, ligando-se as vozes com certas medidas para consonância do metro.

Também se escreveram estas Rimas em qua­tro línguas, porque quis mostrar o seu autor com elas a notícia, que tinha de toda a Poesia, e se estimasse esta obra, quando não fosse pela ele­gância dos conceitos, ao menos pela multiplici­dade das línguas. O terceiro e quarto coro das Italianas e Latinas estão abreviados, porque além desta composição não ser vulgar para todos, bas­tava que se desse a conhecer em poucos versos. Também se acrescentaram duas Comédias, para que participasse este livro de toda a composição poética. Uma delas, Hay amigo para amigo, an­da impressa sem nome. A outra, Amor, Engaños, y Celos, sai novamente escrita: e juntas ambas fazem um breve descante aos quatro coros. Se te parecerem bem, terei o louvor por prêmio de meu trabalho; se te parecerem mal, ficarei com a censura por castigo de minha confiança.

Advertisement