Poesia
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Pombos Mensageiros
por Auta de Souza


A Amélia Moura

Foi ontem, minha santa,
À hora do sol posto:
(Quanta saudade, quanta,Chorava no meu rosto!)


Transformados em pombos cor de neve,
Entraram-me a cantar pela janela,
A tua carta delicada e leve
E o beijo amigo que envolveste nela.

Ó que alegria para o coração
Onde a Saudade, sempre em flor, renasce!
A carta leve me pousou na mão
E o beijo amigo acarinhou-me a face.

E então, a rir, ó pomba idolatrada!
Eu transformei meu coração em ninho:
N’ele repousa a tua carta amada
E canta o beijo a ária do carinho.

Alto da Saudade, 31-5-1890

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